quinta-feira, 31 de julho de 2008

Max Weber

Ação Social e Relação Social

Para Weber, a “sociologia significa uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la causalmente e seus efeitos”. Para ele, toda ação tem causa e efeito. O agir humana precisa ser lido e interpretado para saber onde isso influencia na sociedade, com suas causas e efeitos. Todo agir é causal, tem uma causa. A sociedade é construída diariamente com o agir do indivíduo, está todo o tempo em mutação, em transformação.

Compreender a Ação Social
Compreender: identificar as causas que motivaram a ação e seus efeitos.
Ação Social: O agir de um indivíduo ou de um grupo em relação a outro ou outros. Agir, fazer externo ou interno relacionado, com um sentido subjetivo. O sentido é subjetivamente visado. Subjetividade: caráter de todos os fenômenos psíquicos, enquanto fenômenos de consciência. Agir em relação significa agir de acordo com a expectativa que o outro ou outros tem.
A ação social é a conduta humana dotada de sentido, ou seja, uma justificativa subjetivamente elaborada. O homem é que dá sentido à ação social, estabelecendo uma conexão entre o motivo. Para Weber, as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação.
Ação Social (incluindo omissão ou tolerância): orienta-se pelo comportamento de outros, seja este passado, presente ou esperado como futuro. Os outros podem ser indivíduos e conhecidos, ou uma multiplicidade indeterminada de pessoas completamente desconhecidas.
Cada indivíduo age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade.

Tipos de Ação Social:

De modo racional referente a fins: por expectativa quanto ao comportamento de objetos do mundo exterior e de outras pessoas, utilizando essas expectativas como condições ou meios para alcançar fins próprios. Exemplo: consultar um especialista sob determinada ação, ao invés de arriscar e agir sozinho.

De modo racional referente a valores: pela crença consciente no valor ético, estético, religioso, absoluto e inerente a determinado comportamento como tal, independente do resultado. Por exemplo: ser honesto, ser casto, a justiça, a honra, etc.

De modo afetivo especialmente emocional: por afetos ou estados emocionais atuais. Por exemplo: vingança, medo, desespero, orgulho, paixão, ciúmes, desejo, etc.

De modo tradicional: por costume arraigado. Por exemplo: pedir benção, batismo, cigarro após o café, etc.

Na maioria das vezes os tipos de ação se misturam, porém são classificados pelo predominante.
O agir sobre valores é um agir com muita convicção, quando você age por valores a possibilidade de atingir o objetivo é maior do que quando se age para atingir fins. No modo emocional não há nenhum cálculo racional e nem se sabe se o objetivo será alcançado, não há reflexão e nenhum valor que justifique a ação.

Relação Social
Para Weber, relação social é uma conduta plural, de vários indivíduos, reciprocamente orientada, dotada de conteúdos significativos que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de determinado modo. Por exemplo: amizade, trocas comerciais, concorrência econômica, relações políticas, etc.
O que caracteriza uma relação social é que o sentido das ações sociais a elas associadas podem ser compreendidos pelos diversos agentes da sociedade, devem ser compartilhados. Não precisam ser recíprocos, bastam ser entendidos por ambas as partes. Por exemplo:
1. um sujeito que pede uma informação a outro, estabelece uma ação social, pois o motivo não é compartilhado pelos indivíduos;
2. numa sala de aula, onde uma informação é pedida ao professor, a explicação é compartilhada por todos, tem-se então uma relação social.
Para Weber, os acontecimentos que integram o social têm origem no indivíduo.

Dominação:
Dominação é a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato e pode-se fundar em diversos motivos de submissão. Pode depender do interesse da pessoa ou pessoas que obedecem, de costume ou hábito arraigado, ou simplesmente por puro afeto.
Toda relação tem um processo de dominação. A relação de dominação existe enquanto a necessidade ou interesse é atendido. Não é possível estabelecer uma dominação absoluta, pois a relação não se sustenta por muito tempo.
Para sua legitimidade, é necessário que a relação entre dominantes e dominados apóiem-se em base jurídicas.

Os três tipos puros de dominação legítima são:
Dominação Legal ou Racional:
O que dá sustentação a dominação legal é a vigência da norma;
O direito pode ser criado, negado ou modificado;
A obediência está ancorada na regra estatuída e não na pessoa imbuída do poder de mandar;
O tipo de funcionário é aquele de formação profissional, cujas condições de serviço se baseiam num contrato;
O procedimento deve ser destituído de motivos pessoais e sentimentais.

Dominação Tradicional:
Seu tipo mais puro é o patriarcalismo, com o poder concentrado em um único indivíduo;
A fidelidade geralmente por afinidade como no caso das eleições, onde muitos escolhem seus candidatos por afinidade;
E o personalismo, quando a formação de quadro de pessoal ocorre à margem do conceito burocrático de competência.


Dominação Carismática:
Ocorre em virtude da devoção afetiva a líderes religiosos ou espirituais;
Revelação de heroísmo, quando se segue um líder que tenha feito algum tipo de ato heróico, como, por exemplo, ex-combatentes de guerra;
Poder intelectual ou de oratória, onde pessoas com alto domínio sobre a retórica encantam pessoas e estas a seguem;
Faculdades Mágicas.

A sociedade brasileira rural, apresentava uma forma de dominação TRADICIONAL E CARISMÁTICA, entretanto com o desenvolvimento e transformação da sociedade brasileira ao longo dos anos, hoje a sociedade moderna apresenta-se RACIONAL (LEGAL) E TRADICIONAL (devido ao patriarcalismo que ainda encontra-se fortemente arraigado), a dominação carismática ainda existe, porém em casos isolados.

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