quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cultura

Os homens têm a capacidade de questionar os seus próprios atos e mudá-los, a cultura age sobre o indivíduo mudando sua forma de agir e pensar, o homem é o único ser possuidor de cultura, “qualquer sistema cultural está num contínuo processo de modificação”.
*Mudanças culturais: invenção do avião, do telefone, da pílula anticoncepcional, da geladeira, etc.
*Mudanças culturais morais: mulheres podem fumar em público, podem namorar em público, liberdade de expressão religiosa, etc.
Mudanças criam conflitos, entender a dinâmica das mudanças culturais atenua os choques entre as gerações e evitam preconceitos.
Cultura é um sistema de símbolos e significados. Compreende categorias ou unidades e regras sobre relações e modos de comportamento. O ser humano está apto a ser socializado em qualquer cultura existente.”
Toda experiência de um indivíduo é transmitida aos demais, criando assim um interminável processo de acumulação cultural, assim sendo, a comunicação é um processo cultural.
A cultura varia de acordo com as classes sociais, e as diversas classes criam símbolos culturais para se identificar e se diferenciar entre si.
Cultura é o todo complexo que inclui conhecimento, crenças, artes, moral, lei, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquiridos pelo homem como membro da sociedade.”
O homem é resultado do meio cultural onde foi socializado. O indivíduo bem socializado é aquele que age de acordo com as normas e sabe ler os símbolos. Os símbolos alteram o comportamento.

Normas sociais: como regra geral de ação ou regra qualquer de conduta.
A essência da norma pode ser compreendida como uma negação ou proibição, ou seja, como uma limitação da liberdade humana, pois o mandato positivo anula também a liberdade existente de agir segundo a própria vontade. A cultura é fato determinante na forma de agir e pensar do indivíduo.


Valores culturais:
Objetos naturais são coisas, objetos culturais são valores. Um “valor” se distingue de uma “coisa” porque possui um “conteúdo” e um “significado”, enquanto a “coisa” possui apenas um “conteúdo”. A compreensão de um significado exige certo preparo ou aprendizado do mundo cotidiano.



Normas Sociais Formam o sistema
Socialização Aprendizado simbólico ou cultural
Valores Culturais de uma sociedade.

A capacidade ilimitada do indivíduo de obter conhecimento, cultura, é o que chamamos de endoculturação, pois o indivíduo é capaz de assimilar através do aprendizado o maior número de informações possíveis.
“O fato de que o homem vê o mundo através da sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. (...) É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão.(...) Tais crenças contêm o germe do racismo, da intolerância,e , frequentemente, são utilizadas para justificar a violência praticada contra os outros.”

Formação Cultural Brasileira

Visão construída do exterior: degeneração dos costumes, da religião e da moral, causada pela escravidão e pela falta de agricultura.
Era preciso encontrar referências luso-brasileiras, os filhos distintos pelo saber e brilhantes qualidades, cujas ações pudessem tornar-se modelos para futuras gerações.
Os portugueses foram os representantes da civilização européia no Brasil, e trouxeram consigo “as luzes”, o progresso, a razão, a civilização, o cristianismo.
O Brasil queria continuar a ter uma identidade portuguesa, a jovem nação queria prosseguir na defesa desses valores.

Interpretação da Cultura Brasileira por Gilberto Freyre

Com doações de pequenas extensões de terra teria se atraído mais gente para a colonização do Brasil e assim se constituído uma população mais homogênea do que a da escravidão, porém, Freyre não considera a miscigenação o grande problema do Brasil.
Ele acreditava numa relação dócil e de cumplicidade entre os portugueses e os índios e escravos, ele não via a dominação que estes sofreram como um mal, e ainda acreditava que existia uma relação sadomasoquista entre eles, envolvendo amor e ódio, mas que era aceita pacificamente pelo dominados.
Freyre acredita que a escravidão foi essencial para a colonização do Brasil, e diz que o sucesso português deve-se a escravidão.
Ele apóia as elites patriarcais, com um olhar aristocrático e elitista, Freyre acredita nessas elites como civilizadoras, produtoras de progresso e detentoras da razão histórica.
Conservador, ele se mostra otimista com relação ao passado e pessimista com relação às mudanças pretendidas para o futuro. Ele vê o fim das oligarquias do nordeste em contraste com a industrialização consolidada do sudeste, e teme o futuro.
Freyre acreditava sinceramente que no Brasil patriarcalista existia uma “democracia social brasileira”, apesar de o senhor deter o mando indiscutível e brutal. Ele prefere a continuidade à mudança, pois esta comprometia a continuidade do passado patriarcal.
O que se observa ainda nos dias de hoje é um reflexo do “complexo Casa Grande & Senzala”, onde se apresenta uma diferença social muito grande, existindo relação entre as partes, porém com o intuito de tirar proveito sobre o mais fraco. Na sociedade brasileira atual se observa uma “revolta da senzala”, ou seja, a classe oprimida não aceita a sua condição social, gerando um crescimento da violência. A sociedade atual não foi a que Freyre idealizou.

Sergio Buarque de Holanda

S. B. Holanda critica a predominância do caráter português na mentalidade brasileira, pois vê este como preguiçoso, aproveitador, que buscava tirar vantagem sobre o mais fraco sem “pegar no pesado”.
Ele discute a questão da identidade nacional brasileira como um dos obstáculos para o desenvolvimento e para o progresso do Brasil. S. B. Holanda defendia a inclusão dos marginalizados da sociedade oligárquica (índios, negros, mulheres, pobres enfim) como forma de integração da sociedade brasileira do futuro, pois o Brasil não teria futuro excluindo sua própria população do gozo da cidadania. Ele defendia o “redescobrimento” do Brasil e a reconstrução da sua população.
S. B. Holanda, dentro de sua visão weberiana ele constrói tipos ideais:
#Tipo Aventureiro, que ele atribui ao português, e suas principais características são:
_Valorizar os fins e não os meios;
_Ignora as fronteiras, é invasor e aceita riscos;
_Audaz, imprevidente, criativo;
_Não busca estabilidade e segurança.
Essas características foram transmitidas ao brasileiro como uma “hereditariedade cultural”.

#Tipo Trabalhador, que ele atribui ao europeu, suas principais características são:
_Valoriza os meios, a organização e o respeito às normas;
_É econômico, metódico, racional e disciplinado;
_É realista.

Ele acredita que uma sociedade moderna não possui privilegiados, não deve ser aristocratizante, senhorial nem possuir líderes carismáticos, ela está racionalmente submetida a regras e organizada no sentido da eficácia administrativa e produtiva, onde todos possam encontrar o seu lugar e exprimir a sua originalidade, um mundo sem senhores, habitado por cidadãos. Para S. B. Holanda o “mundo que o português criou não interessa ao Brasil...”, devemos romper com nosso passado português, que nos torna neoportugueses, pois ainda agimos de forma mais aventureira do que trabalhadora, os brasileiros não se associam por interesses racionais, mas pela festa, na bebida e na comida, na religiosidade. Ele trata dessa forma o passado para que o brasileiro compreenda como deverão construir uma nova sociedade.
Para S. B. Holanda a sociedade deveria ser totalmente racional e fria, deixando de lado a cordialidade excessiva,pois esta leva a obedecer cegamente a líderes carismáticos, a sociedade deveria se modernizar e agir dentro da legalidade, para existir um desenvolvimento dentro de uma relação de igualdade, deve ser um mundo de direitos e não de privilégios, de regras universais e não de “exceções afetivas”. Ele acreditava em valores como cidadania e individualismo, e seu ideal para o Brasil seria de uma Constituição que trouxesse estabilidade às relações sociais, com disciplina, neutralidade racionalidade e impessoalidade.

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